quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

As Serpentes Antropófagas das Filipinas



FILIPINAS. Para o bem ou para o mal, as serpentes fascinam a Humanidade há milênios. Sua simbologia é complexa. As reações dos homens diante dos ofídios alternam-se: horror, asco, curiosidade, adoração. Em algumas culturas esses animais são venerados como deuses. Essa alternância entre atração e repulsão tem sido investigada por antropólogos, primatólogos, psicólogos e pesquisadores de diferentes áreas da ciência. Porém, até pouco tempo era quase desconhecido o perigo que estes animais representam para os quase extintos membros de certas tribos, ainda primitivas que ainda restam em recantos isolados deste mundo.

Não são as venenosas que aterrorizam esses aborígenes, caçadores e coletores que vivem praticamente na pré-história nas sombras das florestas equatoriais. A ameaça são as cobras que devoram seres vivos inteiros, ainda que sejam poderosos predadores, como os crocodilos. Os seres humanos não são exceção. Pesquisadores da Universidade de Cornell, Ithaca (Nova Iorque) têm estudado uma comunidade de aborígenes filipinos. São os negróides Agta. Resultados do estudo, publicados em artigo na revista da Academia Nacional de Ciências (EUA), informa que as duas espécies, homens e cobras, devoram-se entre si. São presas e predadores, mutuamente e ambas disputam a caça de outros animais.

Co-autor do estudo, Thomas N. Headland começou a estudar essa relação dramática em 1962, no contexto de vida das tribos que habitavam Casiguran, Sierra Madre - uma cadeia de montanhas situadas na ilha de Luzon, Filipinas (não confundir com a sierra Madre mexicana). Ali, um homem adulto pesa em torno de 44 a 45 quilos, pouca coisa, ainda mais se comparado com o tamanho e peso das serpentes que vivem no sudeste da Ásia. Uma piton macho chega a 5 metros de comprimento e cerca de 20 quilos. As fêmeas são maiores: podem alcançar o dobro do comprimento e um peso de 75 quilos. Para um animal dessas propoções, um ser humano adulto é uma refeição leve.

Os cientistas comprovaram uma alta incidência de ataques de pitons aos indivíduos da comunidade Agta. Em um ano, atacam entre 15 a 58 homens ou, ainda, de uma a 62 mulheres. Os homens são as vítimas mais frequentes porque passam mais tempo na selva, longe da aldeia. Dos ameaçados, 26% dos homens sobreviveram aos ataques; todavia a maioria não escapou de mordidas e feridas nos pés, mãos e tronco. Entre 1934 e 1973 houve seis incidentes fatais. Morreram quatro homens e duas mulheres. As pitons devoram também cervos e macacos, que também são caçados pelos Agta. Assim, nativos e serpentes são, ao mesmo tempo, predadores competidores, caçae caçador - entre si.

Para os pesquisadores, essas descobertas demonstram as complexas interações que caracterizam a história evolutiva da espécie humana. Para mim, essas descobertas somente reforçam minha forte convicção de 'Chapeuzinho Vermelho' deve evitar o caminho da floresta. Meditemos...


FONTE: DE JORGE, J. Investigadores describen por primera vez cómo los miembros de una tribu que hasta hace poco vivían de forma prehistórica han servido de presa para gigantescas pitones y boas.
IMAGEM: J. HEADLAND.
IN ABC/Es, publicado em 13/12/2011.


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